“Satanás desencadeado consumou sua maldade, porque obteve, nesta ordem material e política,
a apostasia de todos os reis e governos.”
AS INFORMAÇÕES trazidas pelo Beato Francisco Palau – algumas obtidas do próprio Satanás – são realmente muito impressionantes na medida em que descrevem em detalhes os dias que vivemos agora e nos mostram que mais nossos mais graves problemas – especialmente a gravíssima crise moral que nos assola – tanto na sociedade em geral quanto no seio da própria Igreja não estão fundamentados em problemas meramente humanos, mas sobretudo em um grande ataque espiritual, o qual só tem obtido tão grande êxito mediante a igualmente grande negligência da parte daqueles que deveriam ser os mais diligentes zeladores da Fé no mundo: nossos bispos e o próprio Papa.
De fato, há muito tempo que a Igreja vem negligenciando o importantíssimo ministério do exorcismo. Francisco Palau, tomando consciência dessa omissão já em seu tempo, foi pessoalmente a Roma pedir ao Papa (então Pio IX) que aumentasse a quantidade e a ação dos padres exorcistas na Igreja, algo em que ele, infelizmente, não foi atendido.
É inegável que o poder do Diabo veio crescendo desde então até os nossos dias, e mais ainda porque os sacerdotes, já na época desse grande místico, deixavam de denunciar em seus sermões a ação dos demônios, o perigo do Inferno, a ameaça do espiritismo e outros riscos semelhantes. É especialmente importante e estarrecedora a ação desse santo sacerdote na denúncia dos falsos clérigos que trabalhavam para o reinado satânico, participando de sociedades secretas e do próprio satanismo. Escreveu ele:
Alguns destes homens e mulheres exibem uma virtude religiosa aparente; vão se confessar, ouvem a Missa, comungam com frequência, mas o que há com eles? Horror! Recolhem as Formas Eucarísticas, levam-nas para suas casas e (depois) as apresentam em sessões satânicas para serem espezinhadas. Esses são ‘os Judas’ dentro do próprio Santuário, os quais introduziram os demônios no local onde não têm direito, e que encheram o Templo de Deus de abominações.
Satanás entrou no Santuário e o encheu de abominações, sustentado por poderes que se intitulam católicos, e que de dentro do próprio Santuário fazem guerra contra nós, uma guerra atroz, a mais perigosa que a Igreja já teve que enfrentar. (…) porque ao Inimigo convém nos combater a partir de dentro da fortaleza, por isso ele usa a roupagem e o nome de ‘católico’ (…).
(El maleficio, El Ermitaño, Nº 103, 27-10-1870 | Campamento de epidemia en Vallcarca, El Ermitaño, Nº 99, 29-9-1870)
Poucos anos após o encerramento do Vaticano II, vendo já como seus frutos podres se multiplicavam, abundantemente e fora de controle, Paulo VI sentenciou, sombrio: “A fumaça de Satanás penetrou no lugar sagrado”[1]. Cem anos antes, porém, o Bem-aventurado carmelita Francisco Palau já denunciara com horror essa pavorosa infiltração na Igreja.Como se não fosse suficiente, este profeta moderno foi bem além e denunciou a ligação direta e inevitável que há entre a liberdade religiosa – mais uma vez, introduzida e possibilitada na Igreja exclusivamente mediante o Vaticano II – e a ampliação dos poderes do demônio no mundo e entre os fiéis católicos. Suas palavras são assombrosas:
As leis de liberdade religiosa sustentam o demônio, com uma rede secreta de homens na Terra, pois os príncipes e as potestades, com o seu rei Belzebut, apresentam-se armados com uma ordem de homens, com os quais tem aliança, à semelhança de uma rede misteriosa que se estende por toda a Terra, tendo seus centros, suas escolas e seus mestres em todas as capitais do mundo. Sua obra será autorizada e sustentada pelas leis do culto livre e pelas autoridades pagãs que se apresentam debaixo da forma de católicos, umas e outras inimigas declaradas do catolicismo.
(El Ermitaño, Año III, nº 89, 21-7-1870)
Nesta terrível sentença afirmam-se, de uma só vez, diversas gravíssimas denúncias que parecem apontar com surpreendente clareza aquilo que estamos testemunhando nestes nossos dias de confusão:
• Primeiro, diz com todas as letras que as leis liberdade religiosa sustentam ao Demônio;
• Segundo, que o mesmo Demônio conta com uma rede “misteriosa” (poderíamos interpretar como espiritual, por um lado, e secreta por outro, como a que atua no interior da Igreja) de agentes atuando no mundo em várias frentes no mundo, com centros, escolas e mestres inimigos de Cristo;
• Terceiro, insiste novamente que a obra do Demônio será autorizada e sustentada pelas leis (principalmente as eclesiásticas, no caso) que permitem o culto livre / direito à liberdade religiosa;
• Quarto, ainda pior, aponta que tais leis, dentro da Igreja, serão aplicadas e mantidas por “autoridades pagãs“ que se apresentam sob a forma de católicos, isto é, por falsos pastores infiltrados no Corpo Místico de Cristo para semear a desordem e destruir a Casa de Deus a partir de dentro(!);
• Quinto, por fim e realmente muito importante, diz que essas falsas autoridades, as quais são verdadeiramente pagãs mas se apresentam como católicas, são de fato inimigas “declaradas“ do catolicismo: isto é, por seus atos e palavras é possível – pelo menos àqueles que possuem a Graça e a virtude sobrenatural da Fé (que capacita o homem, ilustrando sua inteligência) – identificar que não são verdadeiramente católicas.
Ora a sua falsidade está declarada nos seus ensinamentos, como está declarada e explícita quando um suposto “papa” prega a igualdade entre todas as religiões e ensina que não se deve tentar converter as pessoas de outras religiões porque isto seria um “pecado contra o ecumenismo” (contrariando frontalmente ao grande Mandamento de Cristo), assim como está declarada nas pregações de “bispos” que promovem a agenda LGBTQ, por exemplo. É claríssimo, é mais do que óbvio que aqueles que agem assim sequer podem ser considerados católicos; são anátema, porque contradizem frontalmente a Cristo, às sagradas Escrituras, ao Magistério e à santa Tradição.
E quem não é sequer católico, como poderia ocupar um alto grau na hierarquia da Igreja? Como poderia ocupar qualquer posição dentro da Igreja?? Todavia, a maioria surda, cega e muda ainda custa a perceber tal obviedade, e assim temos muitos “mestres” que se desdobram em impressionantes malabarismos mentais-intelectuais-teológicos para argumentar a favor de toda a falsidade(!!).
* * *
Sim, Francisco Palau nos deu uma análise incrivelmente bem feita do panorama político e religioso que temos no mundo de hoje, com denúncias que apontam claramente onde é que está a raiz do problema – uma análise feita há mais de um século! Ainda no ano 1864, ele relatou ter ouvido a voz de Cristo a lhe dizer:
Revelar-te-ei um segredo. O Príncipe das trevas, correndo por seu curso estes últimos séculos, apoderou-se de todos os tronos, cetros e coroas dos grandes da Terra; sendo visível neles, por eles ataca e desafia a minha Autoridade e Poder; visível nos corpos humanos que possui, provoca minha Autoridade e, com grande arrogância, diz que não tem inimigo que lhe quebre a cabeça. (…) A hora é chegada: Deus enviará dois Príncipes ou Apóstolos, e estes, cheios de Fé em Mim e no Mistério da redenção, e revestidos de toda minha Autoridade, encadearão o Príncipe tenebroso e arrancarão dos falsos pastores a pele de ovelha, e mostrarão a todo o mundo sua hipocrisia; cairão no abismo todos os demônios, e com eles todos os poderes fundados em sua malícia.
Ao que o Beato perguntou: “Haverá sinais desta grande catástrofe?”. Como resposta, obteve:
Sim, haverá, e ninguém acreditará neles. Te darei os seguintes: Especialmente nestes três últimos séculos, os demônios, visíveis nos corpos humanos, provocam e desafiam a minha Autoridade que reside em meus sacerdotes, e ante vós se mantém firmes, em pé e cheios de arrogância. Os demônios, visíveis nos corpos humanos, resistindo e não cedendo ante a autoridade sacerdotal, são cometas no firmamento do mundo intelectual, (que) significam a incredulidade dos povos e as nações antes cristãs e agora pagãs, (que) caem na ruína e destruição. Os demônios cairão, e com eles cairá a incredulidade dos incrédulos.
(Mis Relaciones con la Iglesia, 18 [Ed. por Eulogio Pacho, Monte Carmelo]).
…Continua…
[1] Discurso ao Pontifício Seminário Lombardo, 7-12-68, Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, 1968, vol. VI, p. 1188; e Homilía “Resistite Fortes in fide”, 29-6-1972, ibid., 1972, vol. X, p. 707
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