Módulo 5: Bíblia 2 | A Inspiração das Sagradas Escrituras – Histórico

Os Santos Padres


Os Santos Padres sempre distinguiram entre toda obra de estudo e edificação dos cristãos, dentre os diversos livros piedosos extrabíblicos – alguns dos quais chegaram a ser utilizados na Liturgia –, separando os de origem humana daqueles de origem divina. A estes últimos, atribuíam autoridade infalível com relação à Revelação e às verdades sagradas. Deus é o Autor de tais livros[1] e, ainda, os homens que os escreveram -(hagiógrafos), ainda que possam ser chamados “autores sagrados”, foram apenas instrumentos do Espírito Santo[2].

De fato, os Santos Padres e os autores eclesiásticos clássicos afirmam que os hagiógrafos foram a causa instrumental no que diz respeito à Inspiração, mas isso não significa que o hagiógrafo seja entendido como um objeto meramente mecânico, isto é, que agindo sob o influxo da Inspiração divina, perca o pleno uso das suas faculdades. Este é um falso conceito, proclamado pelos hereges montanistas e já refutado pelos Doutores da Igreja.

Não há, por outro lado, um sistema estruturado que a Igreja tenha formalmente apresentado como certo aos teólogos quanto aos modos da Inspiração. Ainda assim, podemos encontrar o germe da explicação teórica reconhecida junto dos Santos Padres, onde já se encontram certos elementos fundamentais. Como bons exemplos destas noções, poderíamos citar:

Orígenes (165-166/254-256) definiu com traços nítidos a obra do Espírito Santo e o papel do hagiógrafo (destaques nossos):


O Espírito Santo habita nos hagiógrafos; investe-os, sobremaneira, impele-os a escrever
e fala pela boca deles. Por sua vez, os hagiógrafos, ainda que instrumentos
nas mãos do Espírito Santo, conservam o pleno uso das suas faculdades (humanas)
tão manifesta e claramente iluminadas que os induz a escrever aquilo que compreenderam.
A consciência de si mesmos neste ato (de escrever o que compreendem
sob o auxílio do Céu) é o critério da verdadeira Inspiração.[3]


Santo Agostinho (354-430), falando de passagem sobre a questão da cooperação entre Deus, Autor principal, e o hagiógrafo, autor secundário, diz: “Deus usa do hagiógrafo como seu membro ou como seu instrumento, sem excluir, porém, a sua atividade pessoal”[4].


São Jerônimo adverte sempre, sobretudo nas observações preliminares dos Livros sacros, o trabalho individual e pessoal dos hagiógrafos na sua confecção.


Notas:

[1] Santo Agostinho (354-430), Contra Faustum, 15, 1; ML. 42, 301-303.

[2] São Justino (100-10 – 163-7), Apologia Prima (150-155), 36; MG. 6, 386 — Atenágoras, Legatio pro
Christianis
, 7, MG. 6, 904.

[3] Apud CHARBEL (2022), p. 32.

[4] Ibidem.

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A BÍBLIA CONFIRMA A SANTA IGREJA

A BÍBLIA COMO “ÚNICA REGRA” É HERESIA:
 
“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
(2 Pedro 1,20)
 
“Escrevo (a Bíblia) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade.”
(1Timóteo 3,15)
 
“…Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.”
(João 5,39-40)
 

“Porque já é manifesto que vós (a Igreja) sois a Carta de Cristo, ministrada por nós (Apóstolos), e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (…); o qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”
(2Cor 3,3.6)

A IGREJA SEMPRE OBSERVOU A TRADIÇÃO APOSTÓLICA
 

“Em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonicenses 3,6)

“Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavra (Tradição), seja por epístola nossa (Bíblia). ”
(2 Tessalonicenses 2, 15)
 
JESUS CRISTO INSTITUIU O PAPADO
 

“Tu és Pedra, e sobre essa Pedra edifico a minha Igreja (…). E eu te darei as Chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”
(Mateus 16, 18)

“(Pedro,) apascenta o meu rebanho.”
(João 21,15-17)

“Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho.”
– S. Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo (Atos dos Apóstolos 15, 7)
 
“Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.”
– Jesus Cristo a S. Pedro (Lucas 22, 31-32)
 
A IGREJA SEMPRE VENEROU MARIA COMO MÃE DE DEUS
 

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do Senhor? (Mãe do Senhor = Mãe de Deus, pois Jesus é Deus)”
O Espírito Santo pela boca de Isabel à Virgem Maria (Lucas 1,43)

“De hoje em diante, todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”
– Santíssima Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor
(Lucas 1, 48)

NÃO HÁ VÁRIAS IGREJAS E SIM UMA SÓ
 

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”
(Efésios 4,5)

“Ainda que nós ou um anjo baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do nosso (Apóstolos), que seja anátema.”
(Gálatas 1, 8)

NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM A EUCARISTIA
 

“Em Verdade vos digo: se não comerdes da Carne e do Sangue do Filho do homem, não tereis a Vida em vós mesmos.”
(João 6, 56)

“Minha Carne é verdadeiramente comida, e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.”
(João 6, 55)
 
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão que partimos não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?”
(1ª aos Coríntios 10, 16)
 
A IGREJA SEMPRE CREU NA INTECESSÃO DOS SANTOS, QUE ROGAM POR NÓS NO CÉU
 

“E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos, da mão do anjo, diante de Deus.”
(Apocalipse 8, 4)

“Aqui (no Céu) está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a Fé em Jesus.”
(Apocalipse 14, 12)
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