O BEATO FRANCISCO PALAU Y QUER, carmelita descalço, veio a este mundo no dia 20 de dezembro do ano do Senhor 1811, em Aitona, província espanhola de Lérida. Professou solenemente seus votos na Ordem Carmelitana aos 15 de novembro de 1833, um tempo de revolução e de feroz perseguição religiosa na Espanha (que culminou na sangrenta Guerra Civil Espanhola, com a crudelíssima perseguição dos cristãos, especialmente clérigos) e em toda a Europa.
Palau foi um incansável trabalhador para Cristo: fundou diversas casas religiosas, foi o diretor espiritual do Seminário Diocesano de Barcelona, professor, um grande exorcista, autor de vários livros. Ele também dirigiu e foi o principal redator do semanário “El Ermitaño”, por meio do qual publicou fortíssimas reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja. Seus escritos se destacam pelo corajoso tom profético e nas estarrecedoras previsões para o futuro que ainda (e especialmente) hoje impressionam.
Nos anos finais de sua vida, o Beato trabalhou muito ativamente como exorcista e alertava constantemente a Igreja contra a ação e a influência cada vez maiores dos demônios. Chegou a conceber e elaborar detalhadamente o projeto para uma ordem especial de exorcistas (coisa que ele via como sumamente necessária para o bem das almas e da Igreja nos tempos de crise que viriam), tendo-o enviado ao Concilio Vaticano I, mas infelizmente não obteve uma resposta positiva.
Sem dúvida o grande legado de Palau, para nós, está nas suas visões, que descrevem – de maneira assombrosa – o calamitoso estado atual da Igreja. Este exemplar sacerdote carmelita desempenhou um papel fundamental na defesa da Sã Doutrina e dos valores da santa Religião contra as revoluções que se implantavam em toda a Europa no terrível período que antecedeu o caos que presenciamos hoje. De fato, ele tinha apenas 23 anos quando foi obrigado a deixar o seu convento, incendiado pelas tropas revolucionárias.
Durante toda a sua vida, Palau viveu em meio a perseguições, exílios, prisões e calamidades, mas nunca deixou de trabalhar frutuosamente pelo bem das almas. Neste artigo, todavia, interessam-nos mais as suas impressionantes profecias do que os detalhes sobre suas também impressionantes vida e obra: o que tem o Beato para nos dizer hoje, em pleno século XXI, quando presenciamos uma situação que muitos consideram como o caso de uma apostasia generalizada no seio da Igreja – ou até mesmo (por mais radical que isso seja) como o triunfo de uma organização revolucionária e satânica que se apresenta como Igreja e que insidiosamente ocupou os espaços da verdadeira Igreja de Cristo, assim como denunciou o Arcebispo Carlo Maria Viganò? [acesse a íntegra da sua histórica conferência de 29 de outubro de 2020 em nossa pasta de materiais exclusivos para assinantes].
Sem dúvida, as revelações do Beato podem nos ajudar a entender a dramática situação que estamos vivendo, tanto na vida da Igreja como também na atual realidade sócio-política em nível global, com a radical degradação moral avançando a uma velocidade estonteante e a perda dos valores cristãos em toda parte: ora a marcha triunfante da Revolução anticristã em todo o mundo e em todas as esferas é inegável e parece, à análise meramente humana, imparável. Já no século retrasado, o grande místico Francisco Palau, em um de seus escritos proféticos, relatou uma fala terrível de Belzebu (responsável direto por todo esse mal que nos assola) a qual faz gelar o sangue nas veias de qualquer cristão católico contemporâneo:
(…) sobre a Terra não tenho mais inimigos que me combatam: reduzi à nulidade e à inatividade o poder exorcista dado aos vossos sacerdotes. Diga-me, quem são e onde me combatem? Tenho vencido; tem triunfado a incredulidade, caminho seguro, porque tenho conseguido não só estabelecer em todo o mundo o meu sacerdócio (a magia), sem que ninguém me contradiga, e me faço visível nos corpos humanos, sem que nas pessoas que possuo eu encontre um sacerdote sequer que me ataque. Ou não creem em mim, ou dizem que são raras as pessoas que possuo; e se algum (sacerdote) ainda crê e intenta fazê-lo, não pode e nem deve entrar em batalha comigo, porque é impedido pela própria autoridade do Bispo. Como resultado desta reserva, os sacerdotes se retiraram deste ministério. E por outra parte, atendida a incredulidade nos sacerdotes, eu, valendo-me dos médicos, deixei resolvido, como por princípio de medicina, que tais pessoas são loucas, fantasiosas, sem juízo, têm enfermidades nervosas incuráveis. Daí se explica a fundação de tantos manicômios que tenho, cheio dos corpos humanos que possuo. Estando o poder exorcista quase sem ação em todo o mundo, sendo que foi dado ao sacerdote a missão de encadear-me e lançar-me no Inferno, eu, pouco a pouco, fui ficando livre. E usando da liberdade que conquistei nas batalhas, com o curso dos anos, apoderei-me de todos os tronos, cetros e coroas, e as consegui agregar a mim na batalha contra vossa Igreja. Minhas são as nações, e minhas são estas jovens que estão possuídas pelos príncipes do meu império.
(Mis Relaciones con la Iglesia, 13 [Ed. por Eulogio Pacho, Monte Carmelo]).
Sim. Já naquela época vinha recebendo o Diabo um grande e crescente poder, algo que se fazia possível pela indolência dos nossos Pastores.
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