Confissão e penitência: o maravilhoso poder do perdão!


PERDOAR É UMA ATITUDE que depende de uma decisão que pode ser das mais difíceis. Quando alguém pede perdão a outro, está dizendo que reconhece o seu erro e a sua culpa, e que, por isso, põe-se na presença de quem prejudicou ou injuriou, por meio de palavras ou atos (ou pela ausência destes) que feriram a sua dignidade, propriedade ou sensibilidade. Pedir perdão é, também, uma forma de humilhar-se. E perdoar, por sua vez, é responder que reconhece a sinceridade no arrependimento daquele que vai ao seu encontro com a disposição de mudar de atitude.

Algo muito estranho vem acontecendo em nossos dias: é que as pessoas perderam a vergonha e o receio de pedir desculpas. Antigamente, nossos avós sentiam-se constrangidos em colocar-se diante do outro e se expor assim, de se humilhar e reconhecer os próprios erros. Hoje, as pessoas acham muito mais fácil pedir desculpas. Bem, à primeira vista essa mudança de atitude parece boa, algo como uma evolução das consciências. Seria coisa muito boa que as pessoas tivessem se tornado menos orgulhosas e mais abertas ao próximo, mais predispostas a pedir perdão e a reconhecer as próprias faltas, falhas e desvios. 

Mas há um problema, porque facilmente se nota que a coisa não é bem assim. O problema é que, agora, as pessoas pronunciam as palavras “desculpa” e “perdão” com muita facilidade, mas, na maioria das vezes, isso é feito apenas da boca para fora, sem que realmente se considere o que essas palavras implicam, ou no que significa esse gesto e essa atitude. É muito fácil para qualquer pessoa extrovertida dizer: “Desculpe”, ou talvez, como se diz hoje: “Foi mal…”. Mas a questão é que essas palavras vêm sendo ditas sem reflexão, sem um real sentido de arrependimento, sem a firme e sincera disposição interior para a mudança de atitude, para não voltar a repetir o erro a partir daquele ponto, a partir da decisão que deveria ser assumida naquele momento. O que vem ocorrendo – desgraçadamente –, é a banalização do gesto sagrado de se pedir perdão.

Quando alguém pede desculpas com sinceridade é porque se arrependeu do que fez, porque decidiu que não fará de novo a mesma coisa e reconhece a necessidade de uma real mudança de atitude. Um pedido de desculpas sincero é um exercício de humildade; é uma bela e valiosa demonstração de grandeza de alma. É um gesto importante, sério, definitivo. Exatamente por isso é que a verdadeira adesão a Cristo e à sua Igreja chama-se “conversão”. Converter-se é mudar radicalmente de rumo, é inverter a direção em que se segue, é realizar uma mudança de 180 graus no percurso que se estava empreendendo.

Igualmente, o momento em que alguém pede desculpas ao seu próximo é verdadeiramente um momento solene, ainda que não haja pompa ou aparente solenidade. É uma solenidade para as almas, tanto para a que se dobra quanto para a que recebe o pedido. Dizer “desculpe por isso” ou “me perdoe por ter feito aquilo” envolve necessariamente um desejo de mudança e uma disposição honesta para tanto.

Entretanto, temos visto pedidos fúteis de perdão, seguidos da repetição da mesma falta que motivou o pedido, ás vezes pouco tempo depois. Isso demonstra que o pedido de perdão não foi sincero, não foi verdadeiro e, portanto, não foi válido. 

O mesmíssimo se dá na Confissão sacramental. Sim, é verdade que até estaremos sujeitos a voltar a cair na mesma tentação, após termos confessado o pecado, mas quando temos a firme decisão de mudar, quando o arrependimento por ter ofendido a Deus é honesto e sincero, então a tendência é que aquele pecado, no mínimo, vá se tornando cada vez menos recorrente, até chegar o momento em que seja vencido e não volte mais a acontecer. Se eu tenho uma tendência para o orgulho ou soberba, por exemplo, e procuro o confessionário para me livrar daquela culpa específica, se a minha confissão foi mesmo válida, o resultado é que a partir dali eu vou evitar cair novamente no mesmo vício (que é um dos pecados capitais).

Talvez ainda volte a tropeçar pelo mau hábito, porque certos pecados são mesmo verdadeiros vícios, que por vezes nos dominam e cegam. Mas, se eu for honesto e estiver numa busca autêntica por cumprir a Vontade de Deus em minha vida, então eu vou com dedicação evitar cair naquele pecado, e assim cairei menos. Certamente não voltarei a cometer o mesmo pecado no mesmo dia em que o confessei, a não ser que a minha confissão não tenha sido sincera, porque eu não estava verdadeiramente arrependido; e se não estava, então a confissão sequer foi válida. Eu nem mesmo fui perdoado por Deus, e permaneço em pecado, no caso, mortal.

Temos aqui uma questão importantíssima, fundamental: o reflexo da Confissão bem feita é a mudança de atitude e de postura que se reflete no agir, isto é, a verdadeira conversão que se nota na vida do fiel. Muitos nos perguntam se a sua Confissão foi bem feita, sobre como confessar validamente e coisas desse tipo (o que já respondemos aqui), mas não se atentam a esta simples realidade: se a sua Confissão foi bem feita e válida, isso pode se comprovar por meio do resultado prático em sua vida. Se você continua a cair nos mesmos pecados já confessados, sem progressão alguma, sem nenhum aperfeiçoamento na vida cristã, sem nenhuma diferença prática e perceptível nos seus modos, então há sério motivo para se preocupar. 

Retornando à dimensão humana, o poder do perdão é algo realmente grande, tremendo, transformador. A própria ciência humana e os estudos da psicologia debruçaram-se sobre este tema, por exemplo na elaboração da psicanálise1, e o comprovou de muitas maneiras. O enfoque pode recair sobre as relações interpessoais e institucionais, ou numa visão meramente psicológica e mesmo biológica, filosófica, sociológica e/ou política, mas o poder curativo e benéfico do perdão — para quem pede e para quem concede —, é sempre constatado acima de qualquer dúvida. A sacralidade do perdão, revelada nas páginas da Bíblia Sagrada, representa uma contribuição muito especial para a compreensão da necessidade de superação das linhas cruzadas e da eliminação das rupturas que se estabeleceram nas relações humanas, por numerosos motivos. 

Observe o leitor quanto é curioso o mundo em que vivemos: consta de uma matéria publicada há algum tempo na revista Veja, de autoria da jornalista Júlia Carvalho, que, segundo o professor e filósofo norte-americano Charles Griswold (Universidade de Boston), exigem-se:

“…três passos básicos para se obter o perdão. Primeiro, deve-se assumir a responsabilidade pelo erro. Segundo, é preciso repudiar claramente esse erro, mostrando que não se pretende repeti-lo. Terceiro, deve-se exprimir o arrependimento pela dor causada ao próximo…”


Chega a ser engraçado para um católico. Aquilo que é considerado, hoje, uma descoberta da pesquisa científica, a Doutrina da Igreja Católica já o proclama há milênios, ao apresentar as exigências para que o fiel, ao recorrer ao Sacramento da Penitência, obtenha o perdão dos seus pecados contra Deus e contra o próximo. Com efeito, para que esse Sacramento produza seus efeitos, exigem-se as mesmíssimas atitudes elencadas pelo tal professor. 

A Confissão válida, que tem como resultado a reconciliação, é a que leva o penitente à mudança de vida. Exige: a contrição (reconhecimento dos pecados); a confissão propriamente dita (a autoacusação, perante o confessor, desses mesmo pecados); a satisfação (reparação dos pecados cometidos, não voltando o confessor a repeti-los deliberadamente). Como penitência, o confessor impõe uma pena ao penitente, correspondente, na medida do possível, à gravidade e à natureza dos pecados cometidos. Que é a penitência? Uma espécie de prova do sincero arrependimento, que serve também para depurar a alma.

Os grandes e poderosos benefícios do perdão, sob vários aspectos, o confirmam as vozes de quem faz a experiência. Um desses aspectos é a paz da consciência. O relacionamento entre pessoas, grupos e nações fica ameaçado quando determinados sentimentos, palavras, atitudes e omissões ferem o seu direito. Quando tal acontece, criam-se estremecimentos nos relacionamentos que, em muitos casos, rompem os vínculos saudáveis e desejáveis, por vezes mesmo aqueles de consanguinidade e/ou os mais sólidos laços de amizade. O perdão é sempre muito benéfico para todos, e muitos só conseguem reiniciar a sua história de vida porque eliminam a razão do distanciamento criado na convivência e nos relacionamentos; isso acontece porque é dado um passo de qualidade quando se exclui, do coração e dos pensamentos, toda mágoa, todo ranço, todo rancor. A psicologia e a espiritualidade identificam os benefícios do perdão na vida das pessoas pelo testemunho unânime dos que conseguiram perdoar-se, mutuamente.

Para muitos, o perdão é benéfico por ser uma conquista humana; para os cristãos, além dessa dimensão imanente, mais rasa, está muito clara a exigência que Jesus Cristo colocou na oração do Pai Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Fiel católico, não tenha medo de pedir perdão ao seu próximo. Mas que seja um pedido verdadeiro e sincero, aberto e livre, despojado de receios, abundante em generosidade e amor-caridade.

E também não tenha medo de olhar para dentro de si, logo depois de pedir o Auxílio do Espírito Santo, sabendo que Deus é Amor e infinito em misericórdia, se as suas intenções forem sérias. Olhe para o mais fundo de si, para os mais escuros e escondidos recônditos de sua mente e de sua alma. Livre-se de todo o entulho, toda porcaria, toda imundície acumulada. Não tenha medo e não guarde nada que possa, depois, atravancar a sua vida. Jogue tudo fora! Não receie humilhar-se diante do sacerdote, contando seus piores e mais podres pecados, expondo seu passado e seus mais feios sentimentos, desejos, rancores, tendências, más inclinações… Porque ali, naquele momento e lugar, o padre é Cristo à sua frente, pronto a ouvi-lo. E de fato Ele já sabe e conhece — melhor do que você mesmo — tudo o que você tem para expurgar. Livre-se de todo peso e sujeira, e agradeça pela disposição do sacerdote em ajudá-lo a salvar a sua alma.

Cumpra a sua penitência e saia da igreja sentindo toda a leveza, de cabeça erguida, feliz de corpo e de alma, reconhecendo-se como parte da infinita Vida de Deus. E assim, perdoado e limpo, não vacile em perdoar prontamente também o seu próximo, que pecou contra você e agora se arrepende. Assim você será um bom amigo de Deus!


1. SHEEN. Fulton. A Paz da Alma, São Paulo: Molokai, 2017, p. 147ss.

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A BÍBLIA CONFIRMA A SANTA IGREJA

A BÍBLIA COMO “ÚNICA REGRA” É HERESIA:
 
“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
(2 Pedro 1,20)
 
“Escrevo (a Bíblia) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade.”
(1Timóteo 3,15)
 
“…Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.”
(João 5,39-40)
 

“Porque já é manifesto que vós (a Igreja) sois a Carta de Cristo, ministrada por nós (Apóstolos), e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (…); o qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”
(2Cor 3,3.6)

A IGREJA SEMPRE OBSERVOU A TRADIÇÃO APOSTÓLICA
 

“Em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonicenses 3,6)

“Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavra (Tradição), seja por epístola nossa (Bíblia). ”
(2 Tessalonicenses 2, 15)
 
JESUS CRISTO INSTITUIU O PAPADO
 

“Tu és Pedra, e sobre essa Pedra edifico a minha Igreja (…). E eu te darei as Chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”
(Mateus 16, 18)

“(Pedro,) apascenta o meu rebanho.”
(João 21,15-17)

“Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho.”
– S. Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo (Atos dos Apóstolos 15, 7)
 
“Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.”
– Jesus Cristo a S. Pedro (Lucas 22, 31-32)
 
A IGREJA SEMPRE VENEROU MARIA COMO MÃE DE DEUS
 

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do Senhor? (Mãe do Senhor = Mãe de Deus, pois Jesus é Deus)”
O Espírito Santo pela boca de Isabel à Virgem Maria (Lucas 1,43)

“De hoje em diante, todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”
– Santíssima Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor
(Lucas 1, 48)

NÃO HÁ VÁRIAS IGREJAS E SIM UMA SÓ
 

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”
(Efésios 4,5)

“Ainda que nós ou um anjo baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do nosso (Apóstolos), que seja anátema.”
(Gálatas 1, 8)

NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM A EUCARISTIA
 

“Em Verdade vos digo: se não comerdes da Carne e do Sangue do Filho do homem, não tereis a Vida em vós mesmos.”
(João 6, 56)

“Minha Carne é verdadeiramente comida, e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.”
(João 6, 55)
 
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão que partimos não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?”
(1ª aos Coríntios 10, 16)
 
A IGREJA SEMPRE CREU NA INTECESSÃO DOS SANTOS, QUE ROGAM POR NÓS NO CÉU
 

“E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos, da mão do anjo, diante de Deus.”
(Apocalipse 8, 4)

“Aqui (no Céu) está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a Fé em Jesus.”
(Apocalipse 14, 12)
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