Módulo 9: Ascética e Mística 2 | Dificuldades importantes


Os exageros dos escrupulosos – o vício de falsear a realidade que é típico das consciências escrupulosas, levando o cristão a uma exigência interior muito mais alta do que a verdadeira Moral cristã exige, fazendo-o buscar para si uma perfeição irrealizável que o faz sofrer até  desânimo, é um perigo real e sempre presente.

            A verdadeira Ascética, porém, não busca um sofrimento sem sentido, pela autopunição injusta que só leva à decepção e, no fim, ao desânimo e ao abandono da busca da perfeição e, em última análise, à perda da própria Fé; por isso, distingue entre o preceito e o conselho, entre as almas chamadas à mais alta perfeição e as que o não são, e é preciso saber aceitar e reconhecer tais realidades.

            Apesar das instâncias com as almas de eleição, para as elevar às alturas inacessíveis aos cristãos ordinários, a Ascética não esquece a diferença entre os Mandamentos e os conselhos, as condições essenciais à salvação e aquelas requeridas pela perfeição; todavia, mesmo essa busca pela perfeição deve observar com muito cuidado uma série de condições particulares da alma que a empreende.

            A escrupulosidade também traz às almas o risco de se deixar de lado necessários e justos cuidados com as questões temporais e as obrigações do estado, para se dedicar radical e exclusivamente à vida espiritual, o que é um erro. Não somos anjos e não alcançamos ainda a vida eterna no Céu. Enquanto estivermos no mundo, continuará sendo necessário o cuidado com nossos corpos e nossa subsistência. Todavia, que a salvação de nossa alma deve ser a primeira das nossas preocupações, é o que expressamente ensina Nosso Senhor: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” (Mt 16,26). Disto, porém, deduz-se o necessário bom senso e o frutuoso equilíbrio entre todas as coisas. A Ascética encaminha as almas para a contemplação, mas não procura, com isso, mesmo afastá-las da vida ativa. Ora seria necessário ignorar a História para se crer que a contemplação prejudica a ação: Os verdadeiros místicos são homens de senso prático e de ação, não de raciocínio e teoria. Não passou Nosso Senhor quarenta dias e quarenta noites jejuando e meditando, retirado do mundo, no deserto? Ainda assim, também não participava Ele, quando fosse oportuno, de festas? Não comia e bebia? Não aceitava convites para jantares em casa de boas pessoas?

            No verdadeiro asceta não há sombra de materialismo, apego ao dinheiro ou às posses, e nem de egoísmo, porquanto uma das condições essenciais à salvação é a caridade para com o próximo, que se manifesta por obras tanto corporais como espirituais. A perfeição exige que amemos o próximo a ponto de nos sacrificarmos por ele, como Jesus o fez por nós. E também é virtuoso o espírito da organização, o dom do comando, e revelam-se muito úteis naqueles dotados para os bons negócios. As obras, que fundam oferecem oportunidades e melhoria de vida para muitos; São capazes de conceber e dirigir as suas empresas, dosando com sabedoria a prudência e o arrojo, e dessa justa apreciação das possibilidades que o Bom Deus lhes concede, praticam boas obras. Mas de nada se escravizam, nada antepõem a Deus, nada os impede de buscar antes de tudo o Reino de Deus. Sim, são raras tais pessoas, mas nem tanto. Boa parte dos grandes mestres da vida espiritual eram também, ao mesmo tempo, bons homens de ciência e empreendedores de grandes realizações; assim como Clemente de Alexandria, São Basílio, São João Crísóstomo, Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Gregório, Santo Anselmo, São Bernardo, Santo Alberto Magno, São Francisco de Sales, São Vicente de Paulo, São João Bosco, São Luís Orione e muitíssimos outros. A contemplação, longe de ser um obstáculo à ação e às realizações temporais, pode servir para esclarecê-la e e dirigi-la.

            Nada, pois, mais nobre, mais importante e também mais útil que a Teologia Ascética bem compreendida.

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A BÍBLIA CONFIRMA A SANTA IGREJA

A BÍBLIA COMO “ÚNICA REGRA” É HERESIA:
 
“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
(2 Pedro 1,20)
 
“Escrevo (a Bíblia) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade.”
(1Timóteo 3,15)
 
“…Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.”
(João 5,39-40)
 

“Porque já é manifesto que vós (a Igreja) sois a Carta de Cristo, ministrada por nós (Apóstolos), e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (…); o qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”
(2Cor 3,3.6)

A IGREJA SEMPRE OBSERVOU A TRADIÇÃO APOSTÓLICA
 

“Em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonicenses 3,6)

“Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavra (Tradição), seja por epístola nossa (Bíblia). ”
(2 Tessalonicenses 2, 15)
 
JESUS CRISTO INSTITUIU O PAPADO
 

“Tu és Pedra, e sobre essa Pedra edifico a minha Igreja (…). E eu te darei as Chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”
(Mateus 16, 18)

“(Pedro,) apascenta o meu rebanho.”
(João 21,15-17)

“Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho.”
– S. Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo (Atos dos Apóstolos 15, 7)
 
“Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.”
– Jesus Cristo a S. Pedro (Lucas 22, 31-32)
 
A IGREJA SEMPRE VENEROU MARIA COMO MÃE DE DEUS
 

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do Senhor? (Mãe do Senhor = Mãe de Deus, pois Jesus é Deus)”
O Espírito Santo pela boca de Isabel à Virgem Maria (Lucas 1,43)

“De hoje em diante, todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”
– Santíssima Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor
(Lucas 1, 48)

NÃO HÁ VÁRIAS IGREJAS E SIM UMA SÓ
 

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”
(Efésios 4,5)

“Ainda que nós ou um anjo baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do nosso (Apóstolos), que seja anátema.”
(Gálatas 1, 8)

NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM A EUCARISTIA
 

“Em Verdade vos digo: se não comerdes da Carne e do Sangue do Filho do homem, não tereis a Vida em vós mesmos.”
(João 6, 56)

“Minha Carne é verdadeiramente comida, e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.”
(João 6, 55)
 
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão que partimos não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?”
(1ª aos Coríntios 10, 16)
 
A IGREJA SEMPRE CREU NA INTECESSÃO DOS SANTOS, QUE ROGAM POR NÓS NO CÉU
 

“E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos, da mão do anjo, diante de Deus.”
(Apocalipse 8, 4)

“Aqui (no Céu) está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a Fé em Jesus.”
(Apocalipse 14, 12)
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