Quarta-Feira de Cinzas por SS. o Papa Bento XIV e Santo Tomás de Aquino

Papa Bento XIV, Breve Non Ambigimus, de 30 de maio de 1741:


“Certamente, como transmitiram os antigos Padres, com a instituição deste remédio comum para nós, que pecamos cotidianamente, também podemos, associados à Cruz de Cristo, realizar algo naquilo que Ele mesmo nos proporcionou. Ao mesmo tempo, purificados pelo jejum no corpo e na alma, nos preparamos para comemorar de maneira mais digna os sagrados Mistérios de nossa Redenção por meio da recordação da Paixão e Ressurreição, celebrados com maior solenidade especialmente no tempo da Quaresma. Com o jejum, como um distintivo de nossa milícia, somos separados dos inimigos da Igreja, afastamos os raios da vingança divina e, com a ajuda divina, somos protegidos do Príncipe das trevas no suceder dos dias. Da sua não observância resulta um dano considerável para a glória de Deus, uma séria desonra para a Religião Católica e um perigo certo para os fiéis; é certo, de fato, que as desgraças dos povos, as calamidades mortais, públicas e privadas, não têm origem em outro lugar. Quão distante, quão diferente, quão contraditório é o comportamento atual dos que jejuam em relação à persuasão e ao respeito pela santíssima Quaresma e pelos outros dias dedicados ao jejum, profundamente enraizados nos corações de todos os católicos; como se desvia da verdadeira doutrina do jejum e da prática observada sempre, em todo lugar e por todos. […]

Ao mesmo tempo, pedimos […] que exorteis os que não podem observar a disciplina penitencial comum a todos os fiéis, para que, como a devoção de cada um puder sugerir, não negligenciem outras obras de piedade, expiem seus pecados e peçam perdão a Deus. Com verdadeiro fervor possam procurar descobrir o melhor caminho para curar as feridas abertas na frágil natureza humana, e se estão incapacitados de curá-las por jejuns purificadores, possam remir das faltas incorridas pela fragilidade humana com obras de piedade, o sufrágio das orações e a doação de esmolas.”



Morte | Sto. Tomás de Aquino


Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte.” (Rm 5, 12)


  1. Se, por alguma transgressão, um homem é privado de algum benefício que lhe havia sido concedido, o fato de ele perder tal benefício é a punição por seu pecado. Ora, em sua primeira criação, o homem foi dotado com tal benefício que, enquanto seu espírito permanecesse subjugado a Deus, as partes mais baixas de sua alma permaneceriam subjugadas à razão, e o corpo, à alma. Mas porque, pelo pecado, o espírito do homem se afastou de sua subjeção a Deus, seguiu-se que as partes mais baixas de sua alma deixaram de estar totalmente subjugadas à razão. Disso se seguiu tamanha rebelião das inclinações corporais contra a razão que o corpo não era mais totalmente subjugado à alma. Por isso seguiram-se a morte e todos os defeitos do corpo. Pois a vida e a integridade do corpo estão unidas e dependem disso: de que o corpo esteja totalmente subjugado à alma, como algo que pode ser aperfeiçoado se subjuga àquilo que o aperfeiçoa. Portanto o que acontece, consequentemente, é que surgem coisas como a morte, a doença e todos os outros defeitos corporais, pois tais infortúnios estão unidos à incompleta subjeção do corpo à alma.

  2. A alma racional é, por natureza, imortal; portanto, a morte não é natural para o homem, uma vez que o homem possui uma alma. Ela é natural para seu corpo, porque o corpo, já que é formado por coisas que na natureza são contrárias entre si, é necessariamente passível de corrupção, e é nesse sentido que a morte é natural para o homem. Mas Deus, que criou o homem, é Todo-Poderoso. Por isso, por um benefício que concedeu ao primeiro homem, Ele removeu aquela necessidade de morrer que estava atrelada à matéria de que o homem era feito. Tal benefício foi, contudo, retirado através do pecado de nossos primeiros pais. A morte, portanto, é natural, se consideramos a matéria de que o homem é feito, e é uma punição, uma vez que ocorre pela perda do privilégio pelo qual o homem estava preservado de morrer.

S. Th., IIª Ilæ, q. 164, a. 1

  1. O pecado – o pecado original e o pecado atual – é removido por Cristo, isto é, aquele por quem são removidos também todos os defeitos do corpo. Ele também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós (Rm 8, 11). Mas, de acordo com uma ordem empregada por uma sabedoria que é divina, é no tempo que melhor convém que Cristo remove tanto um quanto o outro, isto é, tanto o pecado quanto os defeitos corporais. Ora, o que é certo é que, antes de chegarmos àquela glória de impassibilidade e imortalidade que começou em Cristo, e que por Cristo nos foi adquirida, nós devemos nos moldar segundo o padrão dos sofrimentos de Cristo. É, portanto, certo que a suscetibilidade de Cristo ao sofrimento deve permanecer conosco também por um tempo, como um meio de chegarmos à impassibilidade da glória pelo caminho que Ele mesmo percorreu.

S. Th., 1ª llæ, q. 85, a. 5 ad 2

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A BÍBLIA CONFIRMA A SANTA IGREJA

A BÍBLIA COMO “ÚNICA REGRA” É HERESIA:
 
“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
(2 Pedro 1,20)
 
“Escrevo (a Bíblia) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade.”
(1Timóteo 3,15)
 
“…Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.”
(João 5,39-40)
 

“Porque já é manifesto que vós (a Igreja) sois a Carta de Cristo, ministrada por nós (Apóstolos), e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (…); o qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”
(2Cor 3,3.6)

A IGREJA SEMPRE OBSERVOU A TRADIÇÃO APOSTÓLICA
 

“Em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonicenses 3,6)

“Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavra (Tradição), seja por epístola nossa (Bíblia). ”
(2 Tessalonicenses 2, 15)
 
JESUS CRISTO INSTITUIU O PAPADO
 

“Tu és Pedra, e sobre essa Pedra edifico a minha Igreja (…). E eu te darei as Chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”
(Mateus 16, 18)

“(Pedro,) apascenta o meu rebanho.”
(João 21,15-17)

“Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho.”
– S. Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo (Atos dos Apóstolos 15, 7)
 
“Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.”
– Jesus Cristo a S. Pedro (Lucas 22, 31-32)
 
A IGREJA SEMPRE VENEROU MARIA COMO MÃE DE DEUS
 

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do Senhor? (Mãe do Senhor = Mãe de Deus, pois Jesus é Deus)”
O Espírito Santo pela boca de Isabel à Virgem Maria (Lucas 1,43)

“De hoje em diante, todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”
– Santíssima Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor
(Lucas 1, 48)

NÃO HÁ VÁRIAS IGREJAS E SIM UMA SÓ
 

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”
(Efésios 4,5)

“Ainda que nós ou um anjo baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do nosso (Apóstolos), que seja anátema.”
(Gálatas 1, 8)

NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM A EUCARISTIA
 

“Em Verdade vos digo: se não comerdes da Carne e do Sangue do Filho do homem, não tereis a Vida em vós mesmos.”
(João 6, 56)

“Minha Carne é verdadeiramente comida, e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.”
(João 6, 55)
 
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão que partimos não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?”
(1ª aos Coríntios 10, 16)
 
A IGREJA SEMPRE CREU NA INTECESSÃO DOS SANTOS, QUE ROGAM POR NÓS NO CÉU
 

“E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos, da mão do anjo, diante de Deus.”
(Apocalipse 8, 4)

“Aqui (no Céu) está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a Fé em Jesus.”
(Apocalipse 14, 12)
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