A SANTA IGREJA CELEBRA três festas especiais em honra a Maria Santíssima: a da Natividade, a do Santo Nome de Maria e a deste dia, da Apresentação, que são como que o eco das três primeiras Festas do Ciclo Cristológico: Natal, Santo Nome de Jesus e Apresentação do Senhor Menino no Templo.
A Festa da Apresentação de Nossa Senhora no Templo já existia no Oriente no século VI; foi introduzida no Ocidente no século XIV, na corte dos Papas de Avinnhão (Avingnon), França, residência dos Papas naquela época[1]. A memória da consagração da Virgem no Templo está intimamente ligada à de Nosso Senhor, assim como todas as demais devoções e eventos importantes da vida de Nossa Senhora espelham as do Cristo Salvador.
Nesta data lembramos que Nossa Senhora, com três anos de idade, foi levada por seus pais – São Joaquim e Sant’Ana – ao Templo, onde com outras meninas e piedosas mulheres foi instruída a respeito da fé de seus pais e sobre os seus deveres para com Deus.
Historicamente, a origem desta festa se localiza na dedicação da Igreja de Santa Maria a Nova em Jerusalém, no ano de 543. Temos a respeito o registro do Imperador Miguel Comneno na Constituição de 1166.
Um nobre francês, chanceler na Corte do Rei de Chipre, tendo sido enviado em 1372, na qualidade de Embaixador junto ao Papa Gregório XI, contou-lhe sobre a magnificência com que era celebrada na Grécia, no mesmo 21 de novembro. O Papa então a introduziu em Avinhão; mais tarde, Sisto V a estendeu a toda a Igreja.
A vida da Santíssima Virgem Maria
A memória da Apresentação da Virgem Maria comemora um dos momentos sagrados da vida da Mãe de Deus: nenhum livro canônico das Sagradas Escrituras relata este acontecimento, mas está fartamente tratado nas escrituras apócrifas, que não são reconhecidas como inspiradas mas são preciosas fontes de dados históricos para o conhecimento da história da Igreja e dos costumes dos primeiros cristãos, do desenvolvimento da Doutrina, etc.
Segundo esses documentos, a apresentação de Maria teria sido solene e faustosa. Tanto no momento de sua oferta como durante o tempo de sua permanência no Templo, verificaram-se fatos prodigiosos: Maria, conforme a promessa feita por seus pais, foi conduzida ao Templo aos três anos de idade, acompanhada por um grande número de meninas hebreias que seguravam tochas acesas, com a presença de autoridades de Jerusalém e entre cantos sacros.
Para subir ao Templo, havia 15 degraus, que Maria subiu sozinha, embora pequena. Os apócrifos dizem ainda, entre outras coisas, que no Templo Maria foi alimentada miraculosamente pelos Anjos e que teria permanecido ali por doze anos, saindo apenas para desposar São José, pois durante esse período havia perdido seus pais. Esses dados refletem para nós tradições piedosas antiquíssimas que atestam justamente a antiguidade da devoção a Nossa Senhora, mas dificilmente são precisos naquilo que afirmam: na realidade, a apresentação de Maria deve ter sido muito modesta e, ao mesmo tempo, infinitamente mais gloriosa, já que se tratou de um evento glorioso e importantíssimo não para os homens e na sociedade daquele lugar e época, mas espiritualmente.
Foi de fato através desse serviço dedicado ao Senhor, no Templo, que Maria preparou o seu corpo, mas sobretudo a sua alma, para receber o Filho de Deus, realizando em si mesma a palavra do Cristo: “Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. E isso ela fez à perfeição, desde sempre e especialmente a partir do momento em que Nosso Senhor nasceu para este mundo e ela passou a conviver, todo o tempo e todos os dias, intimamente com o próprio Deus Encarnado. “Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).
Primeiras paróquias no Brasil
A primeira paróquia dedicada a essa invocação mariana no Brasil foi criada em 1599, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, com uma história interessantíssima (saiba mais). A cidade de Porto Calvo, em Alagoas, palco de diversas batalhas entre brasileiros e tropas invasoras durante a guerra holandesa, tem também como padroeira a Senhora da Apresentação (saiba mais).
No Rio de Janeiro, no bairro do Irajá, que antigamente era um vasto campo público destinado à pastagem e descanso do gado, foi construída, em 1644, uma pequena e muito humilde capela sob o patrocínio de Nossa Senhora da Apresentação, pelo Revmo. Pe. Gaspar da Costa, que foi mais tarde o primeiro Vigário da região. A capelinha foi depois reformada, ampliada e transformada em na bela igreja barroca da paróquia que manteve o nome da mesma devoção, que hoje é uma das mais antigas do Rio de Janeiro e considerada patrimônio histórico nacional (ver um pequeno histórico com imagem).
Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós a Deus!
[1] Missal Romano Quotidiano por Dom Gaspar Lefebvre e Monges Beneditinos de Santo André, Bélgica: Biblica Bruges,1963.
Uma resposta