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A capacidade de abstração tem grande importância para a perseverança na Fé, especialmente àqueles dotados de maior acurácia mental/intelectual. Sim, as pessoas inteligentes chegam a um estágio da vida em que já não podem mais crer no Deus da sua infância, aquele que imaginavam quando suas vovós liam para eles os reconfortantes textos dos antigos (e preciosos) catecismos infantis ilustrados. Olhavam muitas vezes as figuras daqueles livrinhos e imaginavam literalmente um ser humano gigantesco e com poderes especiais pairando entre nuvens, rodeado de criancinhas com asas. Estremeciam por dentro, com medo daquele misterioso olho dentro de um triângulo observando cada desobediência, cada peraltice das crianças (‘Não faça nada às escondidas porque Deus vê tudo’)…
Apesar de a definição de Deus do livrinho permanecer perfeita e irretocável (ainda que talvez incompreendida na época da sua leitura: ‘Deus é Espírito Perfeitíssimo e Eterno, Criador do Céu e da Terra’), as crianças agora cresceram e se veem postas diante de grandes dificuldades, como o problema do mal, e imersos na profunda angústia da dúvida que insiste em voltar de tempos em tempos.
O mesmo, por óbvio, vai acontecer na adolescência, na juventude e no seu desenrolar para a idade adulta, e também nas sucessivas fases desse último estágio. E será assim sempre. Duc in altum! – “Avança para águas mais profundas” (Lc 5,4) – , diz Nosso Senhor. Sempre será preciso avançar além em nossa busca por Deus, que se confundirá sempre com a busca pelo autoaprimoramento, isto é, pela perfeição em todos os níveis.