Módulo 8: Ascética e Mística 2 | Unificação dos métodos

Agora já podemos falar da união dos dois métodos propostos na lição anterior. 1) Primeiro passo: é necessário estudar e conhecer sempre melhor e mais perfeitamente a Doutrina revelada, tal qual nos é oferecida pelas Sagradas Escrituras e pela santa Tradição, compreendendo nela o Magistério ordinário da Igreja. Com o auxílio da Doutrina, então, podemos determinar, pelo método dedutivo, o que é a vida cristã e a sua perfeição, sabendo quais são os seus diferentes graus, e a marcha progressiva que se deve geralmente seguir para chegar à contemplação. Saberemos então em que consiste esta contemplação, quer nos seus elementos essenciais, quer nos fenômenos extraordinários que por vezes a acompanham.

• A este estudo doutrinal é preciso a juntar o método de observação:

— a) examinar com cuidado as almas, suas qualidades e defeitos, suas características próprias, suas inclinações e repugnâncias, os movimentos da natureza e da Graça que nelas se produzem; tais conhecimentos psicológicos permitirão determinar quais os meios de perfeição que lhes convêm; as virtudes de que têm maior necessidade e para as quais a Graça as inclina, sua correspondência a essa mesma Graça; os obstáculos que encontram e os meios que lhes dão melhor resultado para triunfar.

— b) Para fazer tal observação, pode-se ler as vidas dos Santos, sobretudo as que, sem dissimular os seus defeitos humanos, mostram a maneira progressiva como eles os combateram, como e por quais meios praticaram as virtudes; se passaram, e como o fizeram, da via ascética à via mística, sob quais influências. c) Também na vida dos contemplativos se devem estudar os fenômenos diversos da contemplação, desde os primeiros e indecisos lampejos de luz até os mais elevados picos, os efeitos de santidade produzidos por estas graças, as provações a que foram submetidos, as virtudes que praticaram. Tudo isso virá completar e por vezes retificar os conhecimentos teóricos adquiridos pelo estudante.

— c) Com o auxílio dos princípios teológicos e dos fenómenos místicos bem estudados e classificados, poder-se-á subir mais facilmente à natureza da contemplação, às suas causas, suas espécies, distinguir o que há nela de normal e de extraordinário. Haverá que se buscar entender em que medida os dons do Espírito Santo são os princípios formais da contemplação, e como se devem cultivá-los, para a alma se por nas disposições interiores favoráveis à contemplação. Haverá que se examinar, então, se os fenómenos devidamente verificados se explicam todos por dons do Espírito Santo, se alguns não supõem espécies infusas, e como estas operam na alma; ou, então, se é o amor que produz esses estados de alma, sem conhecimentos novos. Então é que se poderá ver melhor em que consiste o estado passivo, e em que proporção a alma nele permanece ativa, a parte de Deus e da alma na contemplação infusa; o que é ordinário neste estado, o que se torna extraordinário e preternatural. Assim se poderá estudar melhor o problema da vocação ao estado místico.

Procedendo assim, teremos mais probabilidade de chegar à verdade, às conclusões práticas para a direção das almas; um estudo deste gênero será não menos atraente que santificante.


Com que espírito se deve seguir este método unificado?

É necessário estudar estes árduos problemas com serenidade e ponderação, sempre com o único fim de conhecer a verdade, não por qualquer desejo superficial ou vaidoso, baseado em nossas preferências particulares, porque a nossa compreensão das coisas, fora de Deus, está sempre sujeita ao engano.

Por conseguinte, importa descobrir e por em evidência tudo o que é certo ou comumente admitido, e deixar para um segundo plano aquilo que é matéria de debate. A direção, que se há de seguir não depende das questões controversas, senão das doutrinas comumente recebidas, aceitas e autenticadas pela santa Igreja. Há unanimidade em todas as escolas, por exemplo, em reconhecer que a abnegação e a caridade, o sacrifício e o amor são necessários a todas as almas em todas as vias; que a combinação harmônica deste duplo elemento depende muito do caráter das pessoas que se empenham na busca. Todas admitem igualmente que não se deve jamais cessar de praticar o espírito de penitência, ainda que tome diferentes formas segundo os diferentes graus de perfeição; que é preciso exercitar as virtudes morais e teologais de maneira cada vez mais perfeita, para chegar à via unitiva, e que os dons do Espírito Santo, cultivados com diligência, dão à nossa alma uma maleabilidade que a torna mais dócil às inspirações da Graça e a preparam, se Deus a chamar, para a contemplação. Há igualmente acordo sobre o fato de que a contemplação infusa é essencialmente gratuita, que Deus a dá a quem Ele quer e quando quer; que, por conseguinte, ninguém se pode colocar a si mesmo nesse estado passivo de contemplação, e que os sinais de vocação próxima a esse estado são os que tão bem descreve São João da Cruz. E, uma vez chegadas à contemplação, devem as almas progredir na conformidade perfeita com a Vontade de Deus, na confiança ilimitada e sobretudo na humildade, virtude que recomenda constantemente Santa Teresa de Ávila.

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A BÍBLIA CONFIRMA A SANTA IGREJA

A BÍBLIA COMO “ÚNICA REGRA” É HERESIA:
 
“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
(2 Pedro 1,20)
 
“Escrevo (a Bíblia) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade.”
(1Timóteo 3,15)
 
“…Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.”
(João 5,39-40)
 

“Porque já é manifesto que vós (a Igreja) sois a Carta de Cristo, ministrada por nós (Apóstolos), e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (…); o qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”
(2Cor 3,3.6)

A IGREJA SEMPRE OBSERVOU A TRADIÇÃO APOSTÓLICA
 

“Em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonicenses 3,6)

“Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavra (Tradição), seja por epístola nossa (Bíblia). ”
(2 Tessalonicenses 2, 15)
 
JESUS CRISTO INSTITUIU O PAPADO
 

“Tu és Pedra, e sobre essa Pedra edifico a minha Igreja (…). E eu te darei as Chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”
(Mateus 16, 18)

“(Pedro,) apascenta o meu rebanho.”
(João 21,15-17)

“Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho.”
– S. Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo (Atos dos Apóstolos 15, 7)
 
“Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.”
– Jesus Cristo a S. Pedro (Lucas 22, 31-32)
 
A IGREJA SEMPRE VENEROU MARIA COMO MÃE DE DEUS
 

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do Senhor? (Mãe do Senhor = Mãe de Deus, pois Jesus é Deus)”
O Espírito Santo pela boca de Isabel à Virgem Maria (Lucas 1,43)

“De hoje em diante, todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”
– Santíssima Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor
(Lucas 1, 48)

NÃO HÁ VÁRIAS IGREJAS E SIM UMA SÓ
 

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”
(Efésios 4,5)

“Ainda que nós ou um anjo baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do nosso (Apóstolos), que seja anátema.”
(Gálatas 1, 8)

NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM A EUCARISTIA
 

“Em Verdade vos digo: se não comerdes da Carne e do Sangue do Filho do homem, não tereis a Vida em vós mesmos.”
(João 6, 56)

“Minha Carne é verdadeiramente comida, e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.”
(João 6, 55)
 
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão que partimos não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?”
(1ª aos Coríntios 10, 16)
 
A IGREJA SEMPRE CREU NA INTECESSÃO DOS SANTOS, QUE ROGAM POR NÓS NO CÉU
 

“E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos, da mão do anjo, diante de Deus.”
(Apocalipse 8, 4)

“Aqui (no Céu) está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a Fé em Jesus.”
(Apocalipse 14, 12)
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