Devoção aos Sagrados Corações: paralelos entre as aparições do Sacratíssimo Coração de Jesus e as de Nossa Senhora em Fátima

Aos 13 de maio de 1917, como todos sabemos, Nossa Senhora apareceu pela primeira vez a três pastorinhos em Fátima, Portugal. Exatamente três anos depois – em 13 de maio de 1920 – Margarida Maria Alacoque, uma freira que recebeu visões de Jesus e de Seu Sagrado Coração, foi canonizada santa.

Este providencial alinhamento de datas pode indicar que as visões de Santa Margarida Maria e as aparições de Fátima estão relacionadas. Como?

Em primeiro lugar, ambos os eventos começam com imagens do Sagrado Coração e do Imaculado Coração, e passam a falar sobre o Diabo ou o Inferno.

Em 27 de dezembro de 1673, Santa Margarida Maria viu o “divino Coração de Jesus como um trono de chamas, mais brilhante que o sol e transparente como cristal”. Segundo a Santa, Jesus deu a conhecer o seu desejo de que a imagem de Seu Sagrado Coração fosse exposta à veneração. Mas também houve um aviso sobre Satanás. Como explica ela: “Esta devoção foi como um último esforço do seu Amor que quis favorecer os homens nestes últimos séculos… para retirá-los do império de Satanás…” (Cartas de Santa Margarida Maria Alacoque)

Em Fátima, 244 anos depois, existia um padrão semelhante de aparecer um coração celestial antes do recebimento de um aviso. No dia 13 de junho de 1917, as crianças de Fátima viram a Santíssima Virgem segurando seu Imaculado Coração rodeado de espinhos. Um mês depois, as crianças tiveram uma visão aterrorizante do Inferno. Aqui, a repetição de imagens infernais de chamas e fogo contrasta tanto com a imagem pacífica do Coração Imaculado quanto com as chamas sagradas do Sagrado Coração. Em última análise, tanto para as crianças de Fátima como para Santa Margarida Maria, as primeiras visões do Sagrado e do Imaculado Coração revelam uma salvaguarda contra os perigos de Satanás e do Inferno.

Em segundo lugar, ambos os eventos solicitam devoções especiais e complementares. Em 1674 – possivelmente na primeira sexta-feira de junho – Santa Margarida Maria teve sua segunda revelação. Com o Santíssimo Sacramento exposto, a freira recebeu a notícia de Jesus sobre a devoção das Primeiras Sextas-feiras, em que as almas recebem a Sagrada Comunhão e se confessam na Primeira Sexta-feira de nove meses consecutivos. A terceira revelação de Santa Margarida Maria – em 16 de junho de 1675 – estava intimamente relacionada, apresentando uma visão de Jesus no Altar. “Eis”, disse Ele, “este Coração que amou tanto os homens que nada poupou… Em troca, recebo da maior parte apenas ingratidão”.

No dia 13 de junho de 1917, 243 anos depois, Nossa Senhora de Fátima disse que para salvar as almas, Deus desejava estabelecer a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Para evitar os castigos de “guerra, fome e perseguições à Igreja e ao Santo Padre”, a Santíssima Virgem disse que viria solicitar, entre outras coisas, “a Comunhão reparadora nos primeiros sábados”. Em dezembro de 1925, a Bem-Aventurada Virgem Maria regressou a Lúcia e apelou à conclusão da devoção dos Primeiros Sábados. Como disse Nossa Senhora à Lúcia:

Olha, minha filha, meu Coração rodeado de espinhos com os quais os homens ingratos me perfuram a cada momento com suas blasfêmias e ingratidão. Você pelo menos tenta me consolar e diz que prometo assistir na hora da morte, com todas as graças necessárias à salvação, todos aqueles que no primeiro sábado de cinco meses consecutivos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem o Rosário , e faça-me companhia durante quinze minutos enquanto medita nos mistérios do Rosário, com a intenção de me reparar (Caminho Sob o Olhar de Maria)

Desta forma, Fátima apresenta-se como uma espécie de seguimento e complemento das visões do Sagrado Coração. Com certos requisitos sobrepostos (como a Confissão), as devoções encorajam as almas a reparar tanto o Sagrado Coração como o Coração Imaculado.

Em terceiro lugar, ambos os eventos trazem pedidos de consagrações.

Em 17 de junho de 1689, Santa Margarida Maria recebeu sua última grande revelação ( Vida de Santa Margarida Maria Alacoque ). Nas suas cartas, ela citou a mensagem de Nosso Senhor ao Rei Luís XIV a respeito de uma consagração: “Dá a conhecer ao filho mais velho do meu Sagrado Coração que (…) ele obterá o seu nascimento na graça e na glória eterna, consagrando-se ao meu adorável Coração”. No entanto, os pedidos de consagração não foram atendidos. Em 17 de junho de 1789 – cem anos depois do pedido de consagração de 17 de junho de 1689 – Luís XVI teve seu poder retirado, morrendo posteriormente na guilhotina.

Mas a história não termina aí. No dia 13 de junho de 1929 – apenas quatro dias antes do 240º aniversário do pedido de consagração de 1689 – Nossa Senhora disse a Lúcia de Fátima: “Chegou o momento em que Deus pede ao Santo Padre, em união com todos os Bispos do mundo, para fazer a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração.” “Mais tarde”, diz Lúcia, Jesus disse-lhe: “Se não quiserem atender ao meu pedido, como fez o rei de França [Luís XIV], arrepender-se-ão, mas será tarde. A Rússia já terá espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras e perseguições à Igreja. O Santo Padre terá muito que sofrer”.

Por outras palavras, existe um paralelo entre o fracasso de Luís XIV em cumprir os pedidos de consagração de Jesus e a situação da Igreja e do mundo, caso a consagração papal da Rússia chegasse demasiado tarde. Mais de 300 anos depois, a história dos pedidos de consagração de Jesus a Luís XIV ainda vive como advertência para a era de Fátima.

Em última análise, uma vez que a história de Santa Margarida Maria está intrinsecamente relacionada com a história de Fátima, ambos os eventos pertencem aos nossos tempos. Pertencem, em primeiro lugar, como revelações do esplendor dos Sagrados e Imaculados Corações em meio a advertências sobre o Diabo e o Inferno. Em segundo lugar, elas pertencem como revelações do poder das devoções das Primeiras Sextas e Primeiros Sábados. Em terceiro lugar, falam da importância contínua de atender aos pedidos de consagração.

Portanto, procuremos, se possível, cumprir tanto as devoções das Primeiras Sextas como as dos Primeiros Sábados. Sacratíssimo Coração de Jesus, tende piedade de nós. Coração Imaculado de Maria, rogai a Deus por nós.

Ref.:
MELONI, Julia. “Fatima and St. Margaret Mary’s visions of the Sacred Heart are providentially connected”, disp. em:
www.lifesitenews.com/blogs/fatima-and-st-margaret-marys-visions-of-the-sacred-heart-are-providentially-connected/?utm_source=most_recent&utm_campaign=usa
Acesso 10/6/2024.

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A BÍBLIA CONFIRMA A SANTA IGREJA

A BÍBLIA COMO “ÚNICA REGRA” É HERESIA:
 
“Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
(2 Pedro 1,20)
 
“Escrevo (a Bíblia) para que saibas como comportar-te na Igreja, que é a Casa do Deus Vivo, a coluna e o fundamento da Verdade.”
(1Timóteo 3,15)
 
“…Vós examinais as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que testemunham de Mim, e vós não quereis vir a Mim, para terdes a vida.”
(João 5,39-40)
 

“Porque já é manifesto que vós (a Igreja) sois a Carta de Cristo, ministrada por nós (Apóstolos), e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração (…); o qual nos fez também capazes de ser ministros de um Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”
(2Cor 3,3.6)

A IGREJA SEMPRE OBSERVOU A TRADIÇÃO APOSTÓLICA
 

“Em Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonicenses 3,6)

“Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavra (Tradição), seja por epístola nossa (Bíblia). ”
(2 Tessalonicenses 2, 15)
 
JESUS CRISTO INSTITUIU O PAPADO
 

“Tu és Pedra, e sobre essa Pedra edifico a minha Igreja (…). E eu te darei as Chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”
(Mateus 16, 18)

“(Pedro,) apascenta o meu rebanho.”
(João 21,15-17)

“Irmãos, sabeis que há muito tempo Deus me escolheu dentre vós (Apóstolos), para que da minha boca os pagãos ouvissem a Palavra do Evangelho.”
– S. Pedro Apóstolo, primeiro Papa da Igreja de Cristo (Atos dos Apóstolos 15, 7)
 
“Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, confirma os teus irmãos.”
– Jesus Cristo a S. Pedro (Lucas 22, 31-32)
 
A IGREJA SEMPRE VENEROU MARIA COMO MÃE DE DEUS
 

“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do Senhor? (Mãe do Senhor = Mãe de Deus, pois Jesus é Deus)”
O Espírito Santo pela boca de Isabel à Virgem Maria (Lucas 1,43)

“De hoje em diante, todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”
– Santíssima Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor
(Lucas 1, 48)

NÃO HÁ VÁRIAS IGREJAS E SIM UMA SÓ
 

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”
(Efésios 4,5)

“Ainda que nós ou um anjo baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do nosso (Apóstolos), que seja anátema.”
(Gálatas 1, 8)

NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM A EUCARISTIA
 

“Em Verdade vos digo: se não comerdes da Carne e do Sangue do Filho do homem, não tereis a Vida em vós mesmos.”
(João 6, 56)

“Minha Carne é verdadeiramente comida, e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.”
(João 6, 55)
 
“O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão que partimos não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?”
(1ª aos Coríntios 10, 16)
 
A IGREJA SEMPRE CREU NA INTECESSÃO DOS SANTOS, QUE ROGAM POR NÓS NO CÉU
 

“E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos, da mão do anjo, diante de Deus.”
(Apocalipse 8, 4)

“Aqui (no Céu) está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a Fé em Jesus.”
(Apocalipse 14, 12)
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